Ponte da Panchorra

Implantada a cerca de 1000 metros de altitude, unindo as margens do rio Cabrum, a Ponte da Panchorra é um belíssimo exemplo de arquitetura vernacular [tradicional].

Ponte de dois arcos, apresenta aparelho regular nas aduelas [pedras que formam o arco] e irregular na silharia [pedras] da restante estrutura, o que pode indicar um trabalho de mestres locais ou regionais, destinado a suprir as necessidades de acesso da comunidade às suas propriedades agrícolas e silvícolas.

Nesse sentido, distancia-se em importância e técnica às suas congéneres, edificadas a jusante, nomeadamente as pontes de Ovadas, Lagariça e Nova, quase na foz do Cabrum. Não deixa, porém, de ser um exemplo de infraestrutura comunitária.

A travessia aproveita os afloramentos das margens do rio para apoiar os seus pilares, sobre os quais assenta o tabuleiro horizontal com guardas, conferindo-lhe a robustez necessária à passagem de carros agrícolas e à circulação de gado.

Embora a Panchorra seja referida já nas Inquirições [inquérito administrativo] de 1258, só no século XVI se separou do termo de Ovadas, onde se situava o antigo centro religioso da freguesia medieval.

Tornou-se, então, curato [paróquia], sendo a Ermida de São Lourenço o novo polo religioso.

Igreja de Santa Maria de Barrô

Edificada a meia encosta, na margem esquerda do Douro, a Igreja de Barrô, dedicada a Santa Maria, é um edifício românico tardio, fundado talvez no século XII.

Deveu-se à família de Egas Moniz, o aio de D. Afonso Henriques, a sua dotação e hipotética construção ou reconstrução, pois pode ter existido neste local um templo anterior.

Sem podermos apontar uma cronologia, a edificação da Igreja prolongou-se no tempo pois, embora de matriz românica, mostra já elementos protogóticos: o janelão, a rosácea e o tratamento dos capitéis, de temática vegetalista e floral.

A fachada simétrica é marcada já pela simplicidade do gótico, sendo apenas desequilibrada pela torre sineira, construída no século XIX.

Este prenúncio é também percetível no interior através da verticalidade do espaço. Destaca-se ainda no interior os capitéis do arco triunfal representando cenas de caça, talvez numa alegoria às lutas entre o bem e o mal.

Do período barroco, quando Barrô era já uma importante comenda da ordem de Malta, salienta-se o retábulo-mor [altar principal] joanino.

A Virgem da Assunção, que substituiu a medieval invocação a Santa Maria, é igualmente um excelente exemplo de escultura barroca.

Igreja de São Martinho de Mouros

A torre-fachada da Igreja não corresponde a necessidades militares.

Para esse efeito serviam as fragas e vales deste local que auxiliaram os cristãos a tomar o castelo de São Martinho.

Assim, esta Igreja, edificada no século XIII, embora se destaque no românico português pela excêntrica volumetria da sua fachada, cumpre ainda hoje as funções para as quais foi construída, já em tempos de paz: a liturgia.

O seu projeto inicial era arrojado, mas ficou incompleto. A inscrição “1217”, descoberta num silhar [pedra] da capela-mor, evidencia o início da construção ou a conclusão de uma primeira fase de edificação, dando assim expressão à hipotética ideia de um templo com três naves abobadadas. Diante desta surge um arco triunfal apontado e encimado por óculo emoldurado.

Foi, contudo, na Época Moderna e, sobretudo, no período barroco que a espacialidade da Igreja mais modificações sofreu, sendo exemplo a capela-mor, intervencionada sob a responsabilidade dos padroeiros.

Cabe destacar as pinturas da oficina dos Mestres de Ferreirim (cerca de 1530), o trabalho de talha do retábulo-mor [altar principal], de estilo nacional, e do teto de temática hagiográfica [vida dos santos].

Mosteiro de Cárquere

Da construção românica do complexo monástico de Cárquere, de que prevalece ainda a organização espacial, apenas resta hoje, além da torre, a fresta da capela funerária dos Resendes.

A Cárquere liga-se o poder senhorial desta família, cruzando-se aqui também a história e a lenda, que atribui a fundação deste Mosteiro a Egas Moniz, o aio de D. Afonso Henriques, após o milagre da cura das pernas do primeiro rei.

A fresta do panteão dos Resendes apresenta, no interior, uma ornamentação geométrica e, no exterior, os motivos das chamadas “beak-heads” [cabeça de animal com um bico proeminente].

Os capitéis exibem representações de aves. Da medievalidade são ainda as imagens da Virgem de Cárquere e da Virgem do Leite.

A primeira tem suscitado curiosidade pelas suas dimensões e, sobretudo, por ter sido encontrada, segundo a lenda, num local ermo próximo ao qual mais tarde se fundaria o Mosteiro.

A estrutura da Igreja mistura vários estilos: a abóbada nervurada e a janela da capela-mor são de cariz gótico, sendo o arranjo dos portais principal e lateral norte já de gosto manuelino.

As pinturas murais subsistentes na nave são do mesmo período da campanha manuelina e representam Santo António e Santa Luzia e um conjunto de anjos esvoaçantes.

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